“O movimento é impossível.” É o que Astrid Jones, 17 anos, aprendeu na sua aula de filosofia. E, vivendo na pequena cidade em que mora, ela começa a acreditar que isso é mesmo verdade. São sempre as mesmas pessoas, as mesmas fofocas, a mesma visão de mundo limitada, como se estivessem todos presos em uma caverna, nunca enxergando nada além.
Nesse ambiente, ela não tem com quem desabafar suas angústias, e por isso deita-se em seu jardim, olha os aviões no céu, e expõe suas dúvidas mais secretas aos passageiros, já que eles nunca irão julgá-la. Em seu conflito solitário, ela se vê dividida entre dois mundos: um em que é livre para ser quem é de verdade e dar vazão ao que vai em seu íntimo, e outro em que precisa se enquadrar desconfortavelmente em convenções sociais.
Em um retrato original de uma garota que luta para se libertar de definições ultrapassadas, este livro leva os leitores a questionarem tudo e oferece esperança para aqueles que nunca deixarão de buscar o significado do amor verdadeiro.
Título Original: Ask the Passengers
Autor: A.S. King
Editora: Gutenberg
Páginas: 287
Adicione: Skoob | Goodreads
Astrid Jones tem 17 anos e mora numa cidadezinha do interior dos EUA com uma mãe que aparentemente não dá a mínima para ela, um pai que recorre a um baseado para se esconder de seus fracassos e uma irmã que há muito se afastou dela.
Por tudo isso, um de seus passatempos preferidos é deitar sobre uma mesa de piquenique no quintal de sua casa e ficar observando os aviões que cortam o céu, mandando o seu amor para os passageiros. Durante o livro, várias histórias desses passageiros nos são apresentadas, cada um trazendo suas angústias e seus problemas, e Astrid lhes envia seu amor, um a um. É uma forma singular de se complementar e enriquecer a história contada.
Ela porém está escondendo de todos uma importante parte de si mesma, o que faz porque sabe como as pessoas que vivem em sua cidade gostam de falar dos outros pelas costas, cheios de julgamentos e opiniões não solicitadas. Por isso, ela mantém para si mesma as suas questões sobre sua sexualidade.
Sim, porque Astrid tem uma namorada, ainda que ninguém saiba. E ainda que nem ela mesma saiba dizer com certeza que Dee é sua namorada, afinal as duas só se encontram no seu trabalho de fim de semana. O maior problema é que a própria Astrid ainda tem dúvidas em relação à sua sexualidade e se recusa a simplesmente utilizar um rótulo imposto. Afinal, o que o resto das pessoas tem a ver com quem ela ama ou deixa de amar?
O livro vai sendo contado por Astrid e vamos acompanhando suas angústias e indecisões. Ser gay não é algo que a personagem tenha certeza que é desde o início da história, nem é algo que ela estava preparada para contar para os outros. Sua melhor amiga, Kristina, é gay, apesar de esconder de todos na cidade, e se sente traída quando Astrid revela ter uma namorada também. Quando Kristina acusa Astrid de ter mentido para ela, Astrid simplesmente esclarece que não se sentia preparada para contar, e que isso não quer dizer que ela havia mentido, apenas que ela ainda não estava pronta.
Também achei muito interessante que a autora foi explorando aos poucos a vida de Astrid e mostrando como nada é tão simples como simplesmente sair de um armário. Há complicações, como a família de Astrid, como os amigos da escola e como a sociedade em geral passa a querer entender os motivos que a fizeram ser gay. Ou ainda, como Astrid coloca, por que a sociedade acha que ser gay tem a ver apenas com o sexo e nada mais? São reflexões interessantes feitas ao longo da leitura.
Outro ponto interessante é que quando é organizado um Dia da Tolerância em sua escola, Astrid se pergunta porque é necessário que seja criado um evento, chamado alguém de forma para dar uma palestra e basicamente dizer que não devemos nos odiar uns aos outros. Como ela mesmo define, isso não é elementar? Não deveria ser automático?
Uma reclamação, porém, é que a questão no livro se concentra no embate hétero x homo, como se essas fossem as duas únicas sexualidades existentes. Por que não, já que estamos discutindo a problemática, citar abertamente outros tipos, como a bissexualidade, por exemplo?
Gostei bastante da leitura e de toda a discussão ao redor da Astrid Jones e de como ela se relaciona com a família, os amigos e as pessoas da sociedade em geral. A história do passageiro final me fez ficar com lágrimas nos olhos e acho que foi perfeita para encerrar a história. Foi uma leitura leve, porém que nos leva a refletir muito. Recomendo bastante.
Nunca tinha sentido interesse em ler esse livro, mas agora fiquei com uma pulga atrás da orelha (olha os ditados da vovó ai!). Achei bem legal a temática do livro, até porque existem poucos livros YA assim. E os questionamentos da Astrid (os que você apontou pelo menos) são ótimos!
Com certeza vai entrar na minha lista de quero ler!
É um livro que me surpreendeu de uma maneira muito boa, vale a pena ler.
Beijos
Oi mari!
Não tinha lido nada sobre esse livro ainda, mas achei interessante a discussão que o livro levanta! parabéns pelas fotos, adorei todas!
Bjs, Michele
http://oquetemnanossaestante.com.br
É uma discussão muito interessante e faz o livro único.
Beijos
Dica de próxima leitura anotadíssima, Mari! <3
Que bom, leia sim, vale a pena.
Beijos
Oi Mari!
Fazia bastante tempo que eu não via esse livro pela blogosfera. Algo que me chama muito a atenção nele é o comentário do John Green porque não se vê esses elogios dele com muita frequência, então para quem é fã do autor (como eu) é um aval que vale muito 😉
Beijos
alemdacontracapa.blogspot.com
Sim, eu gostei bastante do livro! 🙂
Beijos
Ótima resenha. Já havia visto esse livro em algum site, marquei até na lista mas não havia visto nenhuma resenha dele. Pelo visto é um livro bem forte mesmo e fiquei curiosa para saber um pouco sobre a personagem e seus ‘passageiros’ 😉
Eu achei demais a maneira como tudo se encaixa. Uma leitura que vale a pena.
Beijos
Já tinha visto o livro, mas nunca parei para ver sobre o que ele falava. Sua resenha mostrou que ele traz um assunto bem atual de uma maneira leve e que conquista o leitor. Não é o tipo de leitura que costuma entrar na minha lista de desejados, mas ainda assim fiquei curiosa pelo desenrolar da história.
Eu gostei demais da leitura, acho que o assunto foi tratado da maneira correta. Vale a pena.
Beijos
Cada vez que você mostra esse livro aqui eu fico mais interessada em lê-lo. Acho que deve ser uma leitura que te acrescenta muita coisa, com uma temática super atual e interessante e que a psicóloga dentro de mim não pode deixar passar hahaha. No momento não estou lendo nada, porque a faculdade mal começou e já está uma loucura, mas com certeza vou acrescentar esse livro à minha lista.
Quando puder, leia, Cecília, tenho a impressão que você vai gostar!
[…] não é o primeiro livro da A.S. King que eu leio. Os Dois Mundos de Astrid Jones também já apareceu aqui no blog. Eu tive uma boa experiência com a leitura, o que me levou a […]