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01
2021

Bridgerton – O que Mudou na Série da Netflix?

Nesse ano estranho, Papai Noel deu um presente diferente para a gente. No dia 25 de Dezembro a Netflix disponibilizou os oito episódios da série Bridgerton, baseada na obra da Julia Quinn. Aqui no blog você já viu muito sobre os livros. Os oito livros contam a história de cada um dos filhos da família Bridgerton encontrando o amor no começo do séc. XIX. A série da Netflix adaptou a história para as telas, usando como base o primeiro livro, O Duque e Eu. Porém, como já esperávamos, mudanças tiveram que ser feitas e nem todas agradaram. O resultado final valeu a pena? É sobre isso que a gente vai conversar nesse post.

Muito do que eu escrevi aqui foi assunto da live que eu fiz com a Lucy do Por Essas Páginas no Instagram. Ela está disponível por lá para quem quiser assistir.

Sobre Spoilers dos Livros

A série foi baseada principalmente no primeiro dos livros. Apesar disso, para garantir que você não irá pegar absolutamente nenhum spoiler, é necessário que você tenha lido até o quinto livro, Para Sir Phillip, Com Amor.  Isso porque existem personagens desse livro que já aparecem na série. Lembrando, é claro, que houveram mudanças, então o personagem é o mesmo, mas a sua história mudou.

Se você não se importar tanto com os spoilers dos livros, mesmo assim recomendo que você tenha lido até o quarto, Os Segredos de Colin Bridgerton. Isso porque um segredo chave é revelado no oitavo episódio da série e tal segredo só é revelado nesse quarto livro. E acredito que saber a resposta para esse mistério pode atrapalhar bastante a sua leitura.

Sobre Spoilers da Série

Esse post contém spoilers sobre a série dos Bridgerton a partir da próxima seção. Nada muito marcante, porém vou discutir sobre cenas de alguns episódios. Para quem nunca leu os livros e não quer nenhum spoiler da série, recomendo assistir antes de continuar a ler.

De um modo geral, a produção foi fantástica, a atuação do elenco está impecável. A história é muito bem contada e traz discussões sobre o papel da mulher na sociedade britânica de 1813 e também questões sobre racismo. Os personagens principais são bem utilizados, cada um tendo seu arco de desenvolvimento durante os oito episódios. Enfim, se esse for seu primeiro contato com o mundo dos romances de época, vai se surpreender.

Agora, vai lá assistir e depois volta aqui para a gente conversar sobre as principais mudanças em relação aos livros.

Se você já assistiu a série e quer saber mais sobre a adaptação, vamos conversar. A partir daqui começam as comparações com os livros e os spoilers, então você está avisado.

Para a gente discutir as diferenças, achei interessante discutir cada um dos personagens principais em separado.

Os Personagens Em Bridgerton: Série vs. Livro

Anthony

O Anthony é um personagem que na adaptação ficou mais irresponsável. Nos livros, embora seja libertino e tenha sim um caso com a cantora de ópera Maria Rosso (e não Siena), ele é muito mais protetor de sua família. Por exemplo, enquanto na série ele tenta forçar Daphne a se casar com Nigel Berbrooke (que acaba se revelando um patife), nos livros é ele quem permite que Daphne recuse as propostas de casamento que recebe. Ele quer que a irmã seja feliz em seu casamento. Além disso, nos livros Anthony tem consciência de suas responsabilidades como chefe da família.

Daphne

A Daphne nos livros é um pouco mais velha, já conta com 21 anos e está no final de sua segunda temporada. Ela também não é a incomparável da sociedade e toda a sua popularidade é consequência do acordo com Simon.

A diferença de idade entre ela e Eloise também foi alterada na série, já que nos livros Eloise está com 17 anos de idade. Na série, as duas parecem ter um ou dois anos de diferença, já que Eloise estaria para debutar no ano seguinte. Nos livros, Anthony cita expressamente que ela debutará em dois anos.

Isso é uma diferença importante, principalmente para mostrar a mudança nas razões para Daphne fazer o acordo com Simon. Afinal, quanto mais velha, menos chance de se casar ela tem. O motivo principal que Daphne vê para não ter tido nenhum pretendente interessante é que ela é amigável demais e não é vista como mulher pelos homens. Simon, porém, acredita que o fato de ela ter três irmãos adultos e intimidadores também a atrapalhe.

Simon

Uma mudança em Simon é que na série da Netflix ele parece ter superado 100% a gagueira da infância. Acho que gosto mais de como a Julia Quinn escreveu, já que nos livros se Simon fica nervoso, ele ainda gagueja. Seu drama com a gagueira também o faz mais quieto e por vezes até rude com os outros membros da sociedade. Aliás, um dos fatores que fazem Daphne acreditar que Simon a ama é o fato de que ele passa a não se importar em gaguejar na frente dela. Isso demonstra, para Daphne, que Simon se sente seguro quando estão a sós.

Benedict

A série Bridgerton mostra também um lado de Benedict que nos livros é apenas revelado em Um Perfeito Cavalheiro: seus dons artísticos. Mas Benedict nos livros me parece bem mais romântico que na série. Tanto é que sua história é uma recontagem da Cinderela. Além disso, todas as menções às suas aventuras sexuais e seu relacionamento com a modista são exclusivas da Netflix.

Colin

E Colin Bridgerton? Por incrível que pareça, foi nele que senti as maiores diferenças. Não esperava por isso, pois nos primeiros livros, embora se faça presente, Colin é citado apenas em cenas pontuais. Mas já sabemos de algumas características principais, como o fato de ser bastante divertido e sempre ter uma tirada engraçada. Além disso, sua relação com a comida é algo essencial e sempre há uma menção à sua fome interminável quando aparece. Em Bridgerton, senti falta disso. Se dá muito foco na parte romântica e idealista de Colin, que acaba por propor casamento à Marina por acreditar estar apaixonado, mas essa característica é algo que eu esperaria mais do Benedict. Ainda assim, gostei bastante de todo o seu enredo com Marina.

Eloise

A Eloise me surpreendeu na série, já que sua personalidade foi bem desenvolvida. Embora nos livros Eloise seja sim mais rebelde e tente encontrar seu próprio caminho, existe na série um enfoque maior nisso. Principalmente porque, como nos livros ela é mais nova, acabamos conhecendo Eloise melhor em sua história mesmo. A personagem em Bridgerton acaba dando voz às mulheres da época, inconformadas com a falta de liberdade e imposições que a sociedade lhes colocava. Por isso, talvez, as cenas de Eloise tenham sido tão marcantes.

Romantização do Séc. XIX e a Realidade Mostrada em Bridgerton

Em alguns grupos e comentários de leitoras de romances de época, talvez você já tenha lido alguém desejando viver naquela época. Eu nunca concordei com essa opinião, pois o século XIX era horrível para as mulheres. Aliás, nem no ano atual estamos muito bem, não é mesmo? Mas naquela época as mulheres não tinham liberdade nenhuma, podiam ser arruinadas por um simples beijo (mesmo que forçado) e todas as decisões de suas vidas eram tomadas por homens.

Quando falamos de instrução, então… Bridgerton mostra isso quando fala da educação sexual das mulheres. Elas mal sabem como os bebês são feitos e tal enfoque na pureza e inocência acabavam por torná-las vulneráveis a serem enganadas. Enquanto isso, os homens participavam de orgias.

Marina

Marina sofre muito com isso. Afinal, ninguém poderá me dizer que ela tinha consciência dos riscos quando George Crane a seduziu. Por mais que ele tivesse boas intenções ou não em relação a ela, era ele que tinha todo o poder na situação. Ele quem tinha plena consciência dos riscos e que poderia ter simplesmente se negado a arcar com as consequências dos seus atos.

A cena em que um pretendente bem mais velho que ela a examina para decidir se proporá casamento ou não é essencial. Nela é possível visualizar exatamente como as mulheres da época eram vistas: como objetos ou ainda pior, como animais a quem se avalia os dentes na hora de comprar.

Sem nenhum poder para decidir seu destino, a mulher em Bridgerton depende da generosidade de seus pais, irmãos e pretendentes para conseguir ter algum controle sobre sua própria vida. É por isso que Eloise, Marina, Penelope e Daphne acabam se rebelando como podem, para deixarem de ser apenas vítimas e passarem a ser protagonistas de suas próprias histórias. Em algumas de suas atitudes, elas erram sim, mas como tentar negociar em uma sociedade onde não se tem voz?

A Adaptação de Bridgerton Para A Netflix

Eu gostei bastante da adaptação. Mudanças sempre são esperadas e acredito que o showrunner Chris Van Dusen deu mais profundidade aos personagens que não apareciam muito no primeiro livro. Criou-se um interesse nesses personagens que era necessário, já que para muitos esse seria o primeiro contato com as histórias criadas por Julia Quinn.

Nisso, a série acerta bastante: quem nunca leu nada nem conhece muito sobre o universo dos romances de época também fica vidrado ao longo dos oito episódios. Muita gente assistiu e agora quer ler os livros.

O cenário, a utilização de versões instrumentais de músicas contemporâneas na trilha sonora também ajudam bastante a trazer uma certa identificação. É uma série de oito episódios longos, porém a maioria das pessoas maratona. Simplesmente não dá para parar de assistir.

Queremos uma segunda temporada? Com certeza. Estou bem curiosa para saber qual os desdobramentos dos acontecimentos dos últimos episódios e também de como vão contar a história de amor de Anthony.

Enfim, vale muito a pena assistir. Vale a pena ler os livros também. E é muito legal pensar que esse sucesso todo pode significar que teremos outras produções no mesmo estilo futuramente. Mal posso esperar.

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2 anos atrás

[…] da filha mais velha, Daphne, e de Simon, o Duque de Hastings. Eu fiz um post falando sobre a temporada aqui, se você quiser saber […]

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7 meses atrás

[…] de Bridgerton teria que aparecer aqui. Afinal, não foi à toa que no blog tem posts sobre a primeira e a segunda temporada. Não vou me alongar muito, somente vou dizer que a primeira parte dessa 3ª […]