Tenho uma confissão a fazer: amo zumbis. Pode parecer estranho, mas sempre tive um certo fascínio por essas histórias de mortos-vivos que conseguem, com uma mordida, transformar outro ser humano em um deles. Guerra Mundial Z, do escritor Max Brooks, acaba de ganhar um filme, um belo blockbuster com Brad Pitt no papel principal. Assisti o filme na segunda-feira, e me interessei ao saber que era “baseado” no livro homônimo. Coloco baseado entre aspas porque, após ter ido atrás e lido o livro em três dias, posso dizer que fora alguns detalhes pequenos, a única coisa que o livro e o filme tem em comum é o título (e não sou só eu que digo isso. Essa foi uma observação do próprio autor).
Vou tentar discutir os dois sem dar nenhum spoiler grande demais, mas se você não viu o filme e não quer saber nenhum detalhe, melhor só ler o post depois de ir ao cinema, ok? Já do livro, ele é tão cheio de detalhes, que nem se eu me esforçar muito consigo estragar a leitura de alguém.
A primeira diferença gritante é no modo de contar a história: o livro é uma coletânea de histórias pós-guerra, ou seja, daqueles que sobreviveram, em diversas partes do mundo, com diferentes funções e posições sociais: de militares e políticos até civis comuns, como médicos e mães. Já o filme acompanha a trajetória do americano Gerry Lane, um funcionário da ONU que é chamado para tentar ajudar a descobrir a origem da epidemia. Basicamente, o filme traz um herói americano (que chega muito perto de ter super-poderes) para salvar o mundo, enquanto o livro mostra as várias faces da humanidade quando confrontada com a sua possível extinção. A sequência do avião que aparece no filme é algo que eu achei totalmente desnecessário.
Nem preciso dizer qual dos dois gostei mais, preciso?
O filme traz zumbis super rápidos e cenas de ação com muita correria e muitas explosões mas sem sangue, o que é estranho. A explicação é que como foi um filme que consumiu um orçamento muito grande, os bam-bam-bam de Hollywood quiseram que o filme ganhasse a classificação PG-13, para que os adolescentes não tivessem que estar acompanhados dos pais para assistí-lo. O sangue subiria a classificação para R, que diminuiria consideravelmente o público.
Uma explicação lógica, mas o livro, que não tinha que se preocupar com isso, faz menções detalhadas a sangue, carne em decomposição e ossos expostos. Aliás, os zumbis no livro deixam de ter sangue para ter um líquido marrom, o que me pareceu muito nojento, mas muito mais o que se esperaria de um zumbi. Outra imagem chocante trazida pelo livro que o filme nem chegou perto é o das crianças zumbis. Sim, elas aparecem e tem que ser baleadas também: sua mordida é tão letal quanto de qualquer outro zumbi.
Para que as cenas de ação pudessem compensar a falta de sangue, os zumbis do filme são muito rápidos, além de conseguirem escalar uns nos outros, como aparece em uma das cenas do trailer. O livro já coloca os zumbis, embora com uma força fora do natural, já que não sentem dor e utilizam-se do corpo em seus limites, ainda num parâmetro humano, ou seja, no que um humano poderia fazer se pudesse usar toda a força do seu corpo sem nenhum tipo de obstáculo, como o cansaço. Ainda, algo que não se vê muito no filme, mas que é extremamente comum no livro, são zumbis que perderam membros, como as pernas, e ficam se arrastando pelo chão, apenas na espera de um desavisado para puxar o tornozelo.
Além do mais, houve uma evolução no vírus zumbi, e a pessoa infectada se zumbifica em doze segundos. O livro já traz outras explicações, dizendo que depende de quanto tempo demora para o vírus alcançar o cérebro, a pessoa morrer e depois ser reanimada. Embora a infecção não leve mais de três ou quatro dias nos casos mais demorados, ainda assim, é uma diferença grande dos zumbis quase instantâneos do filme.
Existem alguns pontos em que o filme e o livro se encontram, ainda que brevemente. Um deles é a descrição do muro de Israel, aquele da cena da escalada. A teoria do décimo homem também é citada nos dois. Mas até o destino dessa história é bem diferente um do outro.
A solução final para a Guerra Mundial Z não tem nada a ver com o que o filme mostra. Nisso, achei o livro muito mais lógico. Não vou colocar aqui qual é o fim da história, no livro ou no filme, mas se você só viu o filme, leia o livro. Vale muito a pena.
Parabéns pelo post. O livro é muito melhor mesmo. Porém, o filme também é bom, ótimo entreterimento.
Com certeza, o filme é um ótimo entretenimento. Só perde um pouco pra mim pela necessidade de ter um quase super-herói americano, se bem que eu entendo que era necessário para vender o filme para as audiências. Ainda assim, vale a pena.
Mas o livro é muito melhor, com certeza!
guerra mundial z eeeeeeeeeeeeeeeeeeeee
[…] livro, mas não segue a mesma história por causa da maneira que ela é contada, como é o caso de Guerra Mundial Z; a que é inspirada pelo livro, mas acaba tomando um caminho tão diferente que você tem que lidar […]
[…] Eu faço isso com vários livros, mas esse me manteve acordada durante a noite porque não conseguia parar de lembrar de todas as histórias. Guerra Mundial Z é pesado e totalmente diferente do filme, mas já falei sobre isso aqui. […]
[…] da segunda temporada. Mas zumbis sempre foram uma fonte de fascinação para mim. Já falei sobre Guerra Mundial Z por aqui e dei algumas dicas de livro sobre o tema também. Por tudo isso, já posso reunir num […]
Achei sua crítica pretenciosa e parcial, desmerecendo muito a obra cinematográfica.
Infelizmente seria improvável retratar o livro em um único filme, seria necessário no mínima uma trilogia, sem falar que se trata de uma adaptação para os cinemas com uma temática típica.
Daniel, eu poderia até debater o seu comentário, mas a verdade é que ou você não leu o post, ou você não entendeu a crítica que eu fiz. Até a sua solução para o problema está deslocada do sentido do meu texto. Mas vai uma dica pra vida: não chama a opinião dos outros pela internet de pretenSiosa ou imparcial, não. Crítica nunca é imparcial, Daniel. O tom do seu comentário, entretanto, é bastante pretensioso. Vamos ser melhores da próxima vez? Feliz 2022.