Nesse Natal, me dei um presente que já estava há tempos namorando: comprei um Kindle, o leitor de ebooks da Amazon. No fim do ano, nós tivemos dois grandes lançamentos no seguimento: o próprio Kindle e o Kobo, que passou a ser comercializado no Brasil pela Livraria Cultura.
Pelas minhas pesquisas, os dois ebook readers tem algumas diferenças, a mais gritante delas sendo o fato de que o Kobo possui tela touch screen e o Kindle não (pelo menos, não o que estava sendo vendido no Brasil na época). Há também o fato de que o Kindle não lê ebooks no formato epub, que é o mais comum, sendo esse o formato principal do Kobo.
Como eu não tenho nem nunca vi um Kobo ao vivo e à cores, vou limitar meu comentário rapidamente aos motivos pelos quais me decidi pelo Kindle: a biblioteca disponível na Amazon me pareceu mais interessante (eu leio muitos livros em inglês, e a Amazon tem uma grande variedade de ebooks nessa área); o fato de ele não ser touch, o que num primeiro momento pode parecer um retrocesso, foi para mim outro fator determinante, já que eu conseguia ver as bananadas que a minha falta de coordenação motora poderia aprontar com mais uma tela touch screen na minha vida; e por último, mas não menos importante, o preço. Enquanto o Kobo estava R$ 399,00, o Kindle me custou cem reais a menos. Para mim, fez diferença.
Quanto ao formato epub, que o Kindle não lê, fica a dica: existem bons conversores de .epub para .mobi (o formato original do Kindle) para baixar na internet. Eu uso o Calibre Library, que além de ser um ótimo conversor, ainda ajuda a organizar todos os arquivos de ebook que você por ventura tenha armazenado no seu computador.
E já que estou dando dicas de programas para potencializar o uso dos e-readers, outro programa que é uma baita ajuda para quem ama ler fanfics, mas nem sempre aguenta ler aquele monte de capítulos na tela do computador, existe o Fanfiction Downloader: basta colocar o link da fic desejada do Fanfiction.net (não sei se funciona em outros sites) e ele não só faz o download, como transforma o arquivo em .pdf, .epub ou .mobi, de acordo com o gosto do freguês.
Por fim, a pergunta que não quer calar: afinal de contas, vale a pena ter um ebook reader? Para mim, sim. Entre vários motivos, porque está ficando cada vez mais fácil conseguir o ebook que você quer no Brasil: as editoras começaram a se atentar para esse novo mercado. O ebook sai mais barato que o livro físico (não tão mais barato como nós gostaríamos, mas ainda assim, mais barato). Para quem acompanha séries de livros em inglês, é com certeza uma maneira de conseguir o livro bem mais rápido: o The Indigo Spell, terceiro da série Bloodlines, da Richelle Mead, estava no meu Kindle logo depois de ser lançado. Se fosse para esperar o livro físico, ou ia demorar aproximadamente um mês para chegar ou então eu ia gastar bem mais para comprar o livro em alguma livraria que o importasse.
E ler um livro no Kindle é muito mais confortável do que ler na tela do computador ou do tablet. Eu já li livros inteiros na tela do iPhone, e não aconselho ninguém a fazer isso. A luz vai aos poucos cansando a visão, e por ser uma tela pequena, as letras também são pequenas…
Meu Kindle com o livro “Noites Negras de Natal” de duas escritoras brasileiras e maravilhosas, a Karen Alvares e a Melissa de Sá. Vale muito a pena!
Já no Kindle a tela é idêntica a de um livro. A cor de fundo é uma cor muito semelhante a de um papel mesmo (não é totalmente branca, por exemplo – é mais amarelada) e é possível até ver a “sombra” da página seguinte. Você tem a opção de aumentar o tamanho da letra e até de fazer anotações no livro. Essa é uma função que eu não utilizo muito: acho ruim ter que escrever qualquer coisa no Kindle, já que ele não tem teclado, apenas os botões das setas, e aí você tem que ficar achando as letras num teclado que aparece na tela. A única coisa para a qual eu utilizo esse recurso do teclado é para procurar algum livro específico na loja Kindle, já que ele tem acesso à rede wi-fi.
Diz a lenda que você poderia até navegar na internet com o Kindle, mas eu nunca tentei, exatamente porque sem teclado e sem mouse, deve ser meio complicado. E depois, o Kindle não foi feito para isso (o Kindle Fire, que a Amazon comercializa em outros países, foi, mas como a versão brasileira é bem mais simples…).
Um dos motivos que eu acho mais determinante para definir se um e-reader vale a pena ou não é a vantagem que você tem de carregar 500 livros num aparelhinho que não pesa nem metade de um. Sério, eu carrego o meu na bolsa, e olha que eu uso uma bolsa bem pequena, e em qualquer lugar que eu esteja, posso escolher de uma variedade enorme de livros. Para uma apaixonada pela leitura como eu, isso é basicamente poder levar uma biblioteca inteira na bolsa… ou seja, um sonho tornado realidade.
Só termino esse post deixando uma coisa bem clara: apesar de todas as vantagens que ter um ebook reader traz, não acredito que isso signifique o fim dos livros em papel. Afinal, o que seria o mundo sem o cheiro de um livro novo, ou de um livro velho? Sem a sensação da textura do papel entre os dedos, ou sem o barulhinho gostoso do virar a página? Tenho alguns livros que carregam em suas páginas manchas de café, marcas de lágrimas, anotações e marcações que me remetem a quem eu era, onde eu estava e como eu estava me sentindo quando estava lendo. Esses livros carregam muito mais histórias do que aquelas que estão escritas nas letras impressas. Se simplesmente esquecermos essa parte porque os livros agora serão todos digitais, vamos perder muito mais que papel e tinta.