Esse último sábado foi dia de season finale de Doctor Who e esse episódio foi totalmente surpreendente. Eu particularmente gostei muito de alguns pontos e de outros, nem tanto. Mas tenho que admitir que foi um ótimo episódio e que contou com muitas cenas emocionantes. Vocês já sabem mas não custa repetir: clicou no Continuar lendo, está sujeito a spoilers!

Começamos com o Doctor num desses diners americanos. Mas não qualquer diner… se você se lembra, esse é o local onde o Eleven se encontra com a Amy e o Rory em “The Impossible Astronaut”. O que chama a atenção ali é a garçonete, uma cara familiar… é a Clara. Mas espera, ela não tinha morrido? Nós vimos ela morrer, certo? Enfim, pode ser um dos ecos dela. Ou ao menos é o que eu imaginei.

O Doctor passa então a contar para a suposta garçonete sobre sua aventura em Gallifrey. Aparentemente, o Alto Conselho Gallifreyano quer matar o Doctor, que se esconde no celeiro de Rassilon. Ok, talvez não seja o celeiro de Rassilon, mas é o celeiro onde aparece ele se escondendo em Listen, e onde o War Doctor encontra a Bad Wolf em The Day of the Doctor.

O interessante foi observar os outros gallifreyanos ajudando a esconder o Doctor. Não me lembro de nenhum episódio da série clássica mostrando os habitantes de classe mais baixa de Gallifrey; normalmente, só víamos os Senhores do Tempo, poderosos e no poder. 

Claro, eles, os poderosos, também aparecem por aqui, atrás do Doctor. Até o próprio Rassilon dá as caras (e desculpa aí, mas saudades, Timothy Dalton). Mas aparentemente, agora em Gallifrey o Doctor é um herói da guerra e Rassilon nenhum vai conseguir que suas próprias tropas o ataquem. E é assim que o Doctor exila Rassilon, mandando-o embora.

Porém, mesmo aqueles que passam para o lado do Doctor querem alguma coisa (porque oi, eles são Senhores do Tempo). E no caso estão todos preocupados com a ameaça do Híbrido. E o Doctor pede então que eles recolham Clara no momento da última batida de seu coração para que ele revele seu segredo. E é assim que ele salva a Clara, sem salvá-la porque ela está congelada ali, naquele último momento. 

Mas o Doctor tem um plano e acaba atacando o Senhor do Tempo que está com ele para conseguir escapar com Clara. Esse Senhor do Tempo se regenera numa Senhora do Tempo negra, o que eu achei o máximo.

Então ele vai para a Matrix, porque os Senhores do Tempo tem medo da Matrix e ele já conseguiu sair dali por outro caminho. Dali, ele rouba uma TARDIS e escapa com a Clara. Porém, mesmo saindo do fluxo do tempo de Gallifrey, o pulso da Clara não volta, não importa o que ele faça. 

Não só isso, mas a morte da Clara é um ponto fixo no tempo e se ela não morrer, poderá causar grandes problemas. Então, o Doctor encontra a Me no fim do Universo (onde ele vai para que os Senhores do Tempo não o encontrem ou à Clara), e revela que ela é o Híbrido. A Me discorda, diz que deve ser ele, que sua teoria é que o Doctor seja meio humano e que ele seja o Híbrido.

Porém, logo ela mesmo apresenta outra teoria: que o Híbrido não seja uma única criatura, mas duas: ele e a Clara. Prontos para acabar com o Universo caso as coisas não corram bem para o seu lado. Ele conta para a Me (e a Clara ouve) que ele pretende fazer com que ela se esqueça dele, como fez com a Donna, para que os Senhores do Tempo não a usem para encontrá-lo. 

Clara então faz um dos melhores discursos que eu já vi, dizendo para o Doctor que o passado dela pertence à ela e que ele não tem o direito de escolher por ela. Foi lindo ver ela fazer algo mais do que ser dois olhos quase chorando e finalmente ganhar voz em Doctor Who. Pena que foi no fim de sua jornada, mas ainda assim, antes tarde do que nunca.

Ele vai fazer isso de qualquer maneira, então ela diz que alterou o aparelho que bloqueia as memórias para que ele faça o Doctor se esquecer dela. O Doctor diz que não sabe se o aparelho funcionará ou se Clara conseguiu alterar mesmo, então ele sugere que eles ativem o aparelho para que um deles esqueça o outro. 

A Clara havia conseguido e o Doctor se esquece totalmente dela. Aí descobrimos que o diner que o Doctor está na verdade é a TARDIS que ele havia roubado em Gallifrey e que Clara está ali para garantir que ele esteja bem e que encontre sua TARDIS. 

Então, ela e Me deixam ele para trás, sem que ele saiba que estava falando com a Clara, e começam a voltar para Gallifrey para que eles a deixem de volta no momento de sua morte, já que ela precisa morrer para que o tempo flua normalmente. Porém, ela e Me farão algumas paradas no caminho, em uma TARDIS cujo Charmeleon Circuit emperrou e que fica somente na forma de um diner americano.

Basicamente, transformaram a Clara no Doctor: ela não pode morrer porque está congelada no tempo; tem uma TARDIS e uma companion, a Me. É uma ideia muito legal, ainda que não faça sentido no geral. Também acho que todo o paralelo com a Donna teria funcionado melhor se ela tivesse morrido mesmo assim. Do jeito que está, parece que ela ficou com tudo. 

Mas não foi um fim ruim, muito pelo contrário. Gostei de ter duas personagens femininas empoderadas na finale, com um Doctor que ficou à mercê delas. Gostei que ele não sabia todas as respostas, que ele ultrapassou seus limites e que errou, ou seja, ele não foi invencível dessa vez. Mais ainda, ele que ficou sem as memórias, o que é triste sim, mas genial por outro lado. 

Enfim, gostei. Não sei se justifica a Clara ter ficado tanto tempo, entretanto, mas ao menos seu final foi interessante. Gostaria que ela não voltasse, acho que faria sua saída mais significativa, mais emocionante, mas falei isso da River e adivinha só quem está no especial de Natal? O jeito é esperar que sua volta se justifique. Porque ela vai acontecer, disso não tenho dúvida.