Doctor Who é, por sua natureza, uma série cheia de surpresas. Mas algumas delas são mais impressionantes do que as outras, e você realmente não conseguiria nem imaginar o que ia acontecer até que acontece no episódio e te deixa com aquela cara de bobo, pensando “como eu não pensei nisso antes?”. Outras delas eu admito, não daria nem mesmo para você tê-las imaginado antes.
Russell T Davies gostava de dar um susto nos fãs, trazendo para os episódios situações que ninguém poderia ter imaginado mesmo. Diferentemente de Steven Moffat, que adora anunciar o mistério em todos os episódios antes da revelação (no estilo “quem é a River Song? por que a Clara é a menina impossível?”, Russell tinha uma técnica diferente: muitas vezes, ele nem deixava o espectador entender que havia um mistério. É essa uma das inúmeras razões que me fazem sentir tanta falta dele. Esses são os três momentos que eu acredito mais me fizeram ficar de queixo caído.
3. A Regeneração Que Não Aconteceu
Quando eu assisti Doctor Who pela primeira vez, Matt Smith já estava no controle da TARDIS há mais ou menos dois ou três anos, então obviamente eu já sabia que o David ia regenerar. Mas quando o Dalek atinge o Doctor no final de The Stolen Earth e o Doctor começa a regenerar, tudo o que eu conseguia pensar era “mas eu achei que não ia ser agora?” e fiquei tentando entender como que o último episódio da quarta temporada ia acontecer com outro Doctor.
Como todo mundo já sabe, ele usa a energia regenerativa para se curar e então foca todo o resto dela na sua mão (que depois ia resultar em seu Metacrisis) para não regenerar por completo. Mas que foi um momento que totalmente me pegou de surpresa, foi. E não foi só eu: quando a cena foi ao ar, em 2008, o impacto foi tão grande que foi parar no noticiário da BBC, algo que Russell até hoje se diz muito orgulhoso de ter conseguido.
2. O Céu é Feito de Diamantes
O que me pega de jeito nessa bombástica revelação é que, durante toda a finale da terceira temporada, eu estava ativamente tentando adivinhar quem na realidade seriam os Toclafane e nunca me passou pela cabeça que eles seriam os humanos de Utopia.
É algo de partir o coração em mil pedacinhos, especialmente pela forma como Martha descobre, vendo o menininho que ela conheceu reduzido a algo que nem mais se parecia com um humano, tanto fisicamente como intelectualmente, já que a razão para destruir a humanidade (ou seja sua própria raça) é porque, segundo ele, é divertido. Chocante, mas perfeito.
1. A Face de Boe, eles costumavam me chamar.
Eu posso dizer várias vezes que tive momentos em que gritei ou chorei vendo algum episódio, mas a verdade é que são pouquíssimas as vezes que faço isso demonstrando externamente. No geral, eu consigo me controlar bem. Consigo assistir filmes de suspense sem gritar, mesmo estando assustada, por exemplo.
Dessa vez, o “P.Q.P.” saiu alto e claro. Ainda bem que estava sozinha em casa, ninguém assustou com meu grito. Acho que essa revelação foi a que mais me pegou de surpresa, porque nunca poderia imaginar que o Capitão Jack Harkness iria se transformar numa grande face de borracha dentro de uma jarra de vidro. O mais interessante é que essa foi uma cena utilizada para aliviar um pouco o episódio, que é sem dúvida um dos mais pesados de toda a história de Doctor Who (para mim, é o mais pesado, já que mostra uma Terra devastada e menciona genocídios terríveis). Funcionou, pelo menos para colocar um sorriso no rosto e depois preparar a gente para vibrar com a saída da Martha.
Agora entendi pq tem gente que não gosta do Moffat e comecei a compartilhar da mesma idéia. Sinto saudades dessa epóca do Doctor Who.