No último sábado, dia três de outubro, o terceiro episódio da temporada atual de Doctor Who foi ao ar, o que quer dizer que hoje, terça-feira, tem Terça Whovian discutindo a mais nova aventura do mais querido dos Senhores do Tempo e de sua companion atual, Clara Oswald.
A minha primeira opinião sobre esse episódio, logo depois de acabar de assistir, foi que pela primeira vez nessa temporada, senti vontade de escrever e debater sobre ele. Quem acompanha a série de posts já percebeu que não estou lá muito entusiasmada com essa temporada, e os dois primeiros episódios (na verdade, um é continuação direta do outro) escritos por Steven Moffat que também considero um dos escritores mais pobres da história de Doctor Who, serviram para me desanimar ainda mais em relação à série. Então esse para mim é um ótimo sinal.
Essa nova história de Doctor Who se passa literalmente embaixo d’água, numa base construída para exploração de petróleo. A TARDIS leva o Doctor e a Clara ali e fica toda estranha, o que faz o Doctor ficar meio curioso. Então, ele descobre que a tripulação daquela base está sendo assombrada por fantasmas, um deles inclusive era o capitão.
Aparentemente, esses fantasmas conseguem pegar somente coisas de metal e atravessam paredes, desde que elas não sejam de chumbo. Ah, e também só aparecem nas “noites” da base (é explicado que, como eles estão muito no fundo para receber qualquer indicação da luz do sol, o sistema é programado para ter dias e noites artificiais).
No fim das contas, achei esses vilões bem interessantes, mesmo que o Doctor esteja certo de que aqueles são sim fantasmas. Eu acredito que não sejam e que logo teremos uma explicação melhor sobre o que são esses seres, mas esse episódio também foi dividido em duas partes, então muitas respostas nós só teremos no próximo sábado.
Outra coisa que merece a nossa atenção foi que nós tivemos uma personagem surda no episódio, interpretada por uma atriz surda também, que se comunica por linguagem de sinais. Achei isso de suma importância, já que como pessoa com deficiência (embora a minha deficiência seja física e não auditiva) eu sempre procuro por séries que dêem mais espaço para representarem pessoas com deficiência. Nós existimos e a representatividade na mídia é de uma importância tremenda, então fico feliz de ver Doctor Who dando espaço para personagens e suas deficiências. Muito embora não entendi porque só o tradutor dela, na tripulação inteira, entendia sinais. Gente, se acontece alguma coisa com ele, ela vai ficar dependendo de papel e caneta ou qualquer outro tipo de gambiarra para se comunicar? O que custa o resto da tripulação aprender o básico também?
Uma cena do episódio que me interessou bastante foi uma que se passou entre o Doctor e a Clara, dentro da TARDIS. O entusiasmo da Clara por aventuras, monstros e explosões tem parecido muito forçado e quando o Doctor chama a atenção dela para o fato, dizendo que só pode existir um Doctor na TARDIS e que talvez fosse a hora de ela considerar ter um novo relacionamento, achei que pode estar vindo por aí um desenvolvimento melhor do impacto que a morte de Danny teria causado na Clara, a longo termo.
Sim, logo que Danny morreu, vimos a Clara sofrer muito, mas depois parecia que ela tinha começado a se curar. Porém, com a Jenna ficando uma temporada a mais do que teria sido planejado (algo que eu já deixei bem claro por aqui que acho que pode ter sido uma das piores decisões já tomadas em Doctor Who), é necessário estender as justificativas para se manter a personagem. Se (e isso é um grande se, afinal, muito potencial de desenvolvimento já foi perdido na série) esse entusiasmo forçado da Clara tiver suas raízes na dor que ela ainda sente e em talvez uma vontade de esquecer tudo isso, preenchendo o vazio com aventuras e mais aventuras, a trajetória de Clara pode voltar a fazer sentido. Não acho que salva a personagem mas pelo menos dá alguma direção na bagunça que ficou sua história dentro do enredo.
Outra coisa que me irrita muito no Doctor do Moffat (digo isso porque já era um problema sério com o Doctor do Matt, então não dá pra falar que é algo exclusivo do Doctor do Capaldi) é o fato de que ele parece não saber nada dos relacionamentos humanos. Embora a cena com os cartões que a Clara fez para ele seja engraçada, nada me convence de que um alien que convive com humanos há mais de dois mil anos não saberia o básico de como lidar com as pessoas e precisaria de cartõezinhos para saber. Ele pode até achar bobagem e achar a maneira que ele própro lida com as emoções muito melhor, mas não compreender como elas funcionam? Desculpe, mas não faz sentido.
Acabamos o episódio com uma reviravolta (que eu sinceramente já tinha adivinhado antes, mas tudo bem) que é o próprio Doctor ir para o passado com sua TARDIS – o que é estranho, claro, afinal lá em The Parting of the Ways ele não tinha dito que uma vez que ele se envolve na história ele começa a fazer parte dela e não poderia voltar na linha do tempo, mas isso aqui é Moffat Who e eu já nem procuro mais explicação para nada.
Apesar das minhas críticas, foi um episódio que me fez ter vontade de discutir, e talvez por isso seja o meu preferido até agora, nessa temporada. Também é o primeiro que não foi escrito pelo Moffat. Coincidência? Eu acho que não.
Não li pra evitar spoiler hauhauhauha
A semana está tão corrida que ainda não assistir buaaaaa
Estou adorando essa 9 temporada, gente finalmente o Moffat acertou hahaha
Assista logo que puder (e depois leia o post também, né, nem que seja pra discordar de mim). Gostei do episódio. Apesar de não achar que o Moffat acertou, ainda assim, estou achando essa temporada melhor do que a anterior. 🙂
Oi, Mariana, Adorei ler seu post, algumas coisas concordo com você, outras não, como sempre, mas suas ideias são sempre bem fundamentadas. E me fazem pensar sobre o episódio. Vou resumir um pouco minhas opiniões sobre o que você disse. Não, não acho sem sentido a forma como o Doctor de Capaldi não sabe se comunicar com humanos. Ele é assim desde que regenerou. Sua inteligência funciona diferente, ele vê o mundo de forma diferente de suas outras encarnações. Lembra de tudo, só interpreta diferente o que sabe. Acho isso interessante, uma vantagem na série, e não o contrário. É… Ler mais
É, vamos ter que esperar o episódio da semana que vem. Mas realmente discordo de você em relação ao Doctor ser assim porque foi essa a maneira que ele regenerou. Não, ele não é o mesmo homem sempre (não importa quantas vezes alguns fãs repitam essa frase) mas também não é alguém totalmente novo, ou seja, o que ele aprendeu antes ele deveria lembrar. Inclusive como se relacionar com os humanos. Ele poderia talvez agir de maneira arrogante por achar os humanos inferiores, e isso sim a série poderia jogar em cima da regeneração. Mas não saber, como se a… Ler mais
Talvez, Mariana, tenha havido um Valeyard no meio das últimas regenerações. Ou talvez ele possa ter ficado muito diferente, por ser um novo ciclo de regeneração. Fazendo um paralelo, a Clara lembra de seus ecos, mas não muito. Como é um novo ciclo de regenerações, talvez ele lembre de outras vidas como ecos, também… O que sei é que me sinto como a aluninha do Danny no episódio da floresta, quando entrou na Tardis. Ela aceita o “maior por dentro”, como toda criança, olha e diz, é assim e pronto. Eu aceito o Doctor de Capaldi desse jeito, é assim… Ler mais